"União de almas e propósitos
Ellen Faria – Atriz mineira com participações em novelas, seriados e programas humorísticos na TV
O Dia dos Namorados se aproxima e me bate uma ansiedade daquelas. Ainda não decidi que presente darei ao meu marido. Gosto de surpreendê-lo. Agradá-lo com algo que tenha o significado do amor que sinto por ele. Ingenuamente, compartilhei esse meu sentimento com a manicure e, sem querer, virei tema de conversa de salão. Se arrependimento matasse, hum...
Não quis participar da polêmica, mas tive de aguentar um ti-ti-ti danado, em sua maioria nada favorável ao homem, seja qual for o estado civil. Saí do salão, confesso, irritada e confusa. Para sair desse baixo astral, comecei por fazer o mea culpa, já que não tinha nada que ficar trocando confidências nesse ambiente.
Entretanto, chegando em casa, não sei porque, busquei na internet alguns temas correlatos à desilusão da maioria daquelas mulheres que encontrei no salão, ou seja, que justificasse tanto ressentimento, ironia e amargura, apenas para ficar na trilogia de sentimentos predominantes nelas.
Por mera curiosidade, resolvi pesquisar o número de divórcios no Brasil. As estatísticas confirmaram o que tenho observado. A pesquisa mais recente que encontrei do IBGE revela que os números têm aumentado.
Continuei pesquisando e caí no item casamento e apareceu “casamentos modernos, diferentes, curiosos, de famosos etc”. E, por fim, fui ao “namoro” e , pasmem, entre várias opções, até namoro grátis tinha. Fiquei pensando no meu namorado e, atualmente, marido. Aliás, há 16 anos mantenho com ele um casamento reflexo de uma história de amor. São 16 anos, ou seja, metade da minha vida vivi casada com ele.
Aquela música do Gonzaquinha “Começaria Tudo Outra Vez” sintetiza bem o que sinto em relação a esse relacionamento. Por que não se trata apenas de um namorado ou marido. Acima de tudo, um companheiro. Pode parecer démodé, que me importa, mas sei que tenho um encontro de almas com ele. Contudo, não é simplesmente isso. Assumimos, um com o outro, propósitos comuns.
Não há imposição, apenas o compromisso de nos vermos felizes. E foi assim que ele, um engenheiro eletricista, acima de tudo mineiro, de formação tradicional e conservadora, tem me apoiado na minha carreira artística. Sei que não é fácil, requer sacrifícios, uma boa dose de paciência e, também, desprendimento. Afinal, o ciúme, às vezes, é inevitável.
Morei dois anos no Rio de Janeiro, em companhia dele e pude confirmar, durante o tempo que participei de novelas, seriados e programas humorísticos, como era difícil que compreendesse aquele mundo completamente diferente do dele. Porém, sempre omitiu essa condição de marido ciumento porque sabia que eu estava feliz. E aquilo era o bastante para que ele mudasse de ânimo. Admiro muito pessoas com essa predisposição para amar, independentemente dos empecilhos e diferenças.
Pode ser que esse seja um caso de amor cada dia mais raro e talvez, por isso, desperte tanta polêmica como ocorrido no caso do salão de beleza. Fato é que encontrei alguém com quem amo passar o Dia dos Namorados e, claro, também todos os dias de minha vida. Atualmente, isso não está ficando singular? Principalmente depois de tantos anos de casados?" - Site da Zoom Comunicação